Klimt

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Watchmen


Watchmen é um filme dirigido por Zack Snyder baseado na série de história em quadrinhos
escrita por Alan Moore, ilustrada por Dave Gibbons e publicada DC Comics entre 1986 e 1987. É considerada um marco importante na evolução dos quadrinhos introduzindo abordagens inovadoras, além de lidar com temática de orientação mais madura e menos superficial. 
O filme mostra os heróis/humanos divididos entre seus poderes, fragilidadese vulnerabilidades. Além dos super-poderes, todos os super-heróis têm uma característica que os define, todos têm fraquezas e aspectos humanos.  
Podemos encontrar heróis onde a inteligência é um poder, por ser muito desenvolvida. Outro pode ter força além do normal e ainda assim ser sensível, apaixonado, perdido entre sentimentos "demasiadamente humanos" . 
As características extremamente humanas normalmente apresentam-se dissociadas (separadas) da porção heróica que a todos agrada, a todos orgulha e é invencível, imortal, superior. O que realmente desejaríamos se tivéssemos direito a um poder?
Força? Eternidade? Inteligência? Razão?  
Laurie Juspeczyk, interpretada por Malin Akerman é a super-heroína Espectral II, filha de um desejo "proibido" de sua mãe, outra super-heroína aposentada, mas que corre na contra mão do que entendemos por bom senso. Ela "amava" o Comediante, super-herói com traços de psicopatia vivido pelo ator Jeffrey Dean Morgan, que décadas antes tentou estuprá-la. Curiosamente ela gostou da situação e procurou submeter-se novamente.
Entregar-se ao estuprador, sentir a força e a virilidade de um homem, ainda que fosse fisicamente quase "invencível", poderia ter uma função excitante em sua vida, viver o oposto do que normalmente vive, sentir o que as pessoas sentem em sua presença, medo, vulnerabilidade, impotência. Esse foi seu afrodisíaco. Deste episódio nasceu Laurie, o milagre que viria a salvar o mundo.
Patrick Wilson, é o Coruja, um homem inseguro preso a seus experimentos e conformado com sua condição de herói aposentado. Ao lado de uma heroína muito interessada nele, extremamente sensual, sexual e sem máscaras, o que ocorre? Literalmente broxa. Só consegue "consumar o ato" depois, sentindo-se forte como um herói invulnerável, pois não acreditava ser realmente dotado destes poderes quando estava sendo ele mesmo.
 Não tem confiança suficiente em si e em suas capacidades reais.
 Jackie Earle Haley interpreta Rorschach, um herói ferido. Não aceita a ordem do presidente Richard Nixon para que se aposente, não sabe quem realmente é e não consegue ser ninguém sem a máscara enigmática que o protege.
A máscara transforma-se a cada momento, criando formas indefinidas, inspiradas no teste Rorschach. A finalidade deste teste é  traçar um perfil da personalidade do indivíduo. Rorschach tem duas caras, uma personalidade cindida. Sabe o que dizer para "passar no teste", sabe que a raiva o move e não acredita que alguém ou algo pode tirá-lo deste estado aparentemente cristalizado. Só sei ser não sendo, o que será de mim se eu encontrar minha verdadeira face? Saberei o que fazer?.
Ele explica seu sofrimento relembrando um episódio onde diz que Walter Kovacs, seu alter ego, "morreu" quando sentiu a "dor de perto".
Um homem assassinou cruelmente uma menina, dando seus "restos" aos cachorros. Rorchach até então não matava seus oponentes, mas desta vez, com o resto de humanidade que tinha, sentiu ódio. Este ódio motivou o assassinato do homem, ou seja, ele tornou-se um assassino (vivenciou o ódio e consumou o ato, assim como os assassinos que combatia) e iniciou um processo de cisão criando um super- herói que pode fazer justiça com as próprias mãos, que pode se entregar ao ódio. Sua "humanidade" bloqueava sua racionalidade, portanto agia antes impulsivamente. Teve que ajustar essa conta no final do filme.
 Ozymandias, interpretado por Matthew Goode, é um bilhionário excêntrico, um herói vaidoso, narcisista, um pouco esquizóide (isola-se do mundo) e acredita deter a verdade para a salvação da humanidade por meio de sua razão e inteligência fora do comum. Para analisar melhor a necessidade do Planeta, isola-se na Antártica. Pára de se relacionar com pessoas, com o cotidiano e decide agir sozinho, pois considera-se superior em seu poder.

Dr. Jon Osterman morre. Ao morrer, desintegra-se, reintegra-se, adquire poderes sobre-humanos, torna-se Dr. Manhattan e começa a se distanciar de sua própria humanidade.
 Quantas vezes"morremos" em nossa vida? Desde que nascemos começamos a morrer. O importante neste caso é saber que tipo de nascimento, que nova defesa surgirá? Surgirá um "verdadeiro eu" ou uma defesa mais forte e mais sólida contra o sofrimento e todo tipo de sentimento que possa nos tornar frágeis?
Dr. Manhattan, interpretado por Billy Crudup é acometido por realidades paralelas que existem, mas não ao alcance humano. O poder da visão atemporal lhe confere a experiência de enxergar a raça humana dentro de um contexto extremamente amplo, chegando a um ponto onde não vê dentro de um universo tão complexo, a diferença entre um homem e um cupim. Torna-se praticamente invulnerável, não toca e não se deixa tocar.
Cada um de nós tem poderes e fraquezas, aliás só existe poder porque existe fraqueza. Acho que nossa "luta" neste mundo é muito mais interna do que externa. A humanidade começou existir há muito tempo, mas foi feita ao acaso segundo Dr. Manhattan.
O acaso as vezes cria coisas e criaturas bonitas, preciosas, que podem chamar atenção até de quem está preso entre tantos mundos e tão alienado ao nosso. Manhattan foi sensibilizado apenas quando se deu conta de que do caos pode nascer uma flor e é isso que torna a raça humana interessante.
 Se pensarmos que fazer a diferença em nós é menos importante do que fazer a diferença no mundo, temos um erro estratégico muito arriscado e míope. Cada super-poder tem uma função desde que saibamos como usá-lo. Todos temos muitos poderes inexplorados, dissociados, muitas vezes sufocados por medos, fobias, faltas, e todo tipo de trauma que impeça com que nos sintamos importantes, poderosos e ainda assim humanos.

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