A realidade da África estava muito distante do restante do mundo, que caminhava em direção à desmistificação do racismo. Algumas pessoas sucumbiram, submeteram-se e sobreviveram ao Apartheid (“separação” em africânder). Outras tantas lutaram e morreram para resgatar sua cidadania e dignidade. Uma pessoa, porém, ocupou lugar de destaque nessa luta, o advogado e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, principal representante do movimento anti-Apartheid. Foi condenado a mais de 20 anos de prisão por ter sido considerado um líder rebelde. Recusou a proposta de abandonar a luta armada em troca de sua liberdade.
Liberdade
Enquanto Mandela estabelecia uma batalha entre a vida e a morte, entre a esperança e a entrega, outros continuaram a batalha do lado de fora da prisão. Em 1990, a luta contra o Apartheid teve êxito. Nelson Mandela foi libertado e eleito presidente pelo voto de 23 milhões de pessoas.
Seu mandato foi marcado pela profunda compreensão da democracia. Repudiava o que chamava de “vingança mesquinha”, em que os brancos seriam então excluídos e sentiriam na pele a dor da segregação: “nós somos tudo aquilo que eles temiam que nós fôssemos, temos de surpreendê-los com compaixão, moderação e generosidade”.
O filme dirigido por Clint Eastwood foca em um momento da vida de Mandela (Morgan Freeman), entre sua chegada à presidência sul-africana e a realização da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995, na África do Sul. Retrata a relação de Mandela com o time sul-africano de rúgbi, Springboks, que além de ter acabado de sofrer subsequentes derrotas na etapa classificatória da Copa, era representante do Apartheid, alvo de ódio por grande parte da população. Sendo assim, a União Executiva Nacional dos Esportes estava prestes a substituí-lo, trocar a cor de sua bandeira e mudar seu emblema.Contra qualquer tipo de segregação, Mandela inicia uma batalha na defesa de uma compreensão mais profunda da democracia, a de que brancos e negros, pessoas racistas ou não, jogadores que representavam simbolicamente os interesses da África do Sul e aqueles que simbolizavam o Apartheid, todos, sem exceção, deveriam ter os mesmos direitos perante a democracia.
A primeira medida de Mandela foi tentar expor sua compreensão de democracia para uma população que queria “vingança”. Logo depois, procurou identificar a real dificuldade em que o time se encontrava, e esta não era uma dificuldade técnica, mas íntima. Em conversa com sua assessora, diz: “Como eu faço para eles acreditarem que são melhores do que são? Como inspirá-los na grandeza quando tudo parece estar perdido?”
Esperança
Para identificar o problema do outro ele tomou como base o próprio sofrimento. Em determinado momento de sua vida, quando estava cansado e sem esperança, encontrou um poema na biblioteca da prisão, o qual serviu como um elo entre um eu despedaçado, que não tinha lugar nesse mundo, e outro que abrigava esperança. Quando nos sentimos compreendidos, seja por uma poesia, uma música, um olhar, tudo muda e a vida pode retomar, então, o sentido perdido. Sozinho em sua luta íntima, o poema Invictus foi um grande aliado.
Para incentivar François Pienaar (Matt Damon), capitão do time de rúgbi, Mandela usa a poesia “… nas garras do destino e seus estragos…”. Refere-se aqui ao destino que nos é imposto. A África racista, que causou muito sofrimento e estrago, não sofreu menos do que o time de rúgbi, agora segregado pelos negros.
“Eu sou dono e senhor de meu destino. Eu sou o comandante de minha alma.” François havia perdido o controle sobre sua esperança, sua capacidade, entregando-se ao desespero e à incerteza, assim como Mandela, em determinado momento de sua vida. O único controle restante, e mais importante, seria sobre si mesmo.
Uma grande parte do cenário de nossas vidas é feita de uma realidade que não escolhemos. A única parcela deste mundo que podemos ter controle é sobre o que vamos fazer com o que o “destino” nos oferece.
Diante de nosso “destino”, ou de situações impostas, podemos adotar uma infinidade de atitudes. Podemos aceitar, calar, consentir de diversas formas ou agir, dar até a última gota de nosso tempo e esforço em nome de algo que consideramos fundamental para que a vida tenha sentido.
Conectar-se ao mundo é um dos caminhos para que possamos encontrar o sentido de nossa existência, já que não somos destacados de nosso tempo. Nós comandamos ou soltamos o “corpo” e deixamos “a vida nos levar”? Somos os autores de nossa realidade ou deixamos que muitos decidam por nós?
Antes de definir nossas ações no mundo, nosso papel político, social, afetivo, devemos estar aptos a responder à seguinte questão: “O que, verdadeiramente, nos conecta à vida?”
Liberdade
Enquanto Mandela estabelecia uma batalha entre a vida e a morte, entre a esperança e a entrega, outros continuaram a batalha do lado de fora da prisão. Em 1990, a luta contra o Apartheid teve êxito. Nelson Mandela foi libertado e eleito presidente pelo voto de 23 milhões de pessoas.
Seu mandato foi marcado pela profunda compreensão da democracia. Repudiava o que chamava de “vingança mesquinha”, em que os brancos seriam então excluídos e sentiriam na pele a dor da segregação: “nós somos tudo aquilo que eles temiam que nós fôssemos, temos de surpreendê-los com compaixão, moderação e generosidade”.
O filme dirigido por Clint Eastwood foca em um momento da vida de Mandela (Morgan Freeman), entre sua chegada à presidência sul-africana e a realização da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995, na África do Sul. Retrata a relação de Mandela com o time sul-africano de rúgbi, Springboks, que além de ter acabado de sofrer subsequentes derrotas na etapa classificatória da Copa, era representante do Apartheid, alvo de ódio por grande parte da população. Sendo assim, a União Executiva Nacional dos Esportes estava prestes a substituí-lo, trocar a cor de sua bandeira e mudar seu emblema.A primeira medida de Mandela foi tentar expor sua compreensão de democracia para uma população que queria “vingança”. Logo depois, procurou identificar a real dificuldade em que o time se encontrava, e esta não era uma dificuldade técnica, mas íntima. Em conversa com sua assessora, diz: “Como eu faço para eles acreditarem que são melhores do que são? Como inspirá-los na grandeza quando tudo parece estar perdido?”
Esperança
Para identificar o problema do outro ele tomou como base o próprio sofrimento. Em determinado momento de sua vida, quando estava cansado e sem esperança, encontrou um poema na biblioteca da prisão, o qual serviu como um elo entre um eu despedaçado, que não tinha lugar nesse mundo, e outro que abrigava esperança. Quando nos sentimos compreendidos, seja por uma poesia, uma música, um olhar, tudo muda e a vida pode retomar, então, o sentido perdido. Sozinho em sua luta íntima, o poema Invictus foi um grande aliado.
Para incentivar François Pienaar (Matt Damon), capitão do time de rúgbi, Mandela usa a poesia “… nas garras do destino e seus estragos…”. Refere-se aqui ao destino que nos é imposto. A África racista, que causou muito sofrimento e estrago, não sofreu menos do que o time de rúgbi, agora segregado pelos negros.
“Eu sou dono e senhor de meu destino. Eu sou o comandante de minha alma.” François havia perdido o controle sobre sua esperança, sua capacidade, entregando-se ao desespero e à incerteza, assim como Mandela, em determinado momento de sua vida. O único controle restante, e mais importante, seria sobre si mesmo.
Uma grande parte do cenário de nossas vidas é feita de uma realidade que não escolhemos. A única parcela deste mundo que podemos ter controle é sobre o que vamos fazer com o que o “destino” nos oferece.
Diante de nosso “destino”, ou de situações impostas, podemos adotar uma infinidade de atitudes. Podemos aceitar, calar, consentir de diversas formas ou agir, dar até a última gota de nosso tempo e esforço em nome de algo que consideramos fundamental para que a vida tenha sentido.
Conectar-se ao mundo é um dos caminhos para que possamos encontrar o sentido de nossa existência, já que não somos destacados de nosso tempo. Nós comandamos ou soltamos o “corpo” e deixamos “a vida nos levar”? Somos os autores de nossa realidade ou deixamos que muitos decidam por nós?
Antes de definir nossas ações no mundo, nosso papel político, social, afetivo, devemos estar aptos a responder à seguinte questão: “O que, verdadeiramente, nos conecta à vida?”



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