Klimt

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Inimigos Públicos

O filme americano “Inimigos Públicos” (Public Enemies, 2009), dirigido por Michael Mann, é uma adaptação do romance do mesmo nome escrito por Bryan Burrough.
Ambientado quatro anos após a grande depressão, período em que o quadro social americano era de permeado por muita violência e criminalidade. Nesse cenário, o FBI começa a ganhar corpo e agentes são incentivados a agir de forma mais violenta que o usual para que a agência consiga seu espaço de destaque nos EUA.
Os personagens principais do filme são o agente especial do FBI, Melvin Purvis interpretado por Christian Bale, que persegue um famoso criminoso, John Dillinger, vivido por Johnny Depp. A trama apresenta elementos interessantes e atuais, como a semelhança entre as personalidades de muitos policiais, agentes e delinquentes.
    
John Dillinger, conhecido assaltande de bancos, preserva uma a capacidade de preocupar-se com pessoas individualmente, à sua maneira. Não se trata de um psicopata, uma pessoa incapaz de sentir-se concernida por outra, mas alguém com um ódio dirigido ao sistema. Assalta bancos, desafia o FBI e, ao mesmo tempo, é capaz de amar e de se preocupar.
O agente Melvin Purvis, é encarregado de capturar Dillinger, enquanto é pressionado por J. Edgar Hoover, interpretado por Billy Crudup, um dos responsáveis por tornar o FBI a primeira agência federal de polícia do país. Todos são levados a encarar questões que os colocam em xeque com sua conduta e ética habitual.
Para atingir seu objetivo, o agente adota uma postura violenta no combate ao crime, ferindo os direitos humanos e adotando métodos independentes de ação que não correspondiam aos preceitos éticos do sistema. Dessa forma, o agente finge defender o sistema, utilizando-o para satisfazer uma necessidade pessoal e colocando em risco a integridade de algumas pessoas. Em outras palavras, assim como fazem psicopatas graves, o agente transgride, manipula, ainda que continue em "posse" dos conceitos de certo e errado, bom e mau.

Os agentes carregam uma imagem que foi montada em um alicerce falso, ou seja, o que poderiam constituir valores pessoais cedem espaço para prestígio pessoal (legitimação). E isso lhes transmite uma a sensação de que eles são reais, embora se sintam-se tão falsos, ocos, que qualquer atitude pode ser internamente justificada pela procura desesperada de legitimação.
Durante o filme, nos deparamos com duas personalidades capazes de manejar a ética de acordo com suas necessidades particulares, duas pessoas que buscam reconhecimento de formas extremamente parecidas, transgressoras, violentas.
O indivíduo anti-social possui uma ética muito particular, onde valores que consideramos essenciais são distorcidos, adaptados para uma personalidade com necessidades específicas. A agressividade, a transgressão e a perversão são características comuns a estes indivíduos.
Os atos anti-sociais podem assumir diversas formas, desde uma criança que rouba um doce ou faz xixi na cama, passando por um adolescente que pratica atos de vandalismo, por exemplo, a adultos que têm compulsão por compras, comem muito, mentem, manipulam, usam drogas, até aqueles que roubam, assaltam.Estas pessoas estão implorando por basicamente duas coisas: atenção e contenção. Não uma contenção apenas punitiva ou amor indiscriminado. Para funcionar as duas coisas devem estar interligadas. O abraço da mãe, a atenção, o contorno necessário para que ocorra um desenvlvimento sadio se perdeu, a pessoa só amadurecerá quando vivenciar aquilo que faltou. O abraço “perdido” da mãe cederá lugar às leis, aos braços fortes e às vezes esmagadores da prisão, dos hospitais psiquiátricos ou, com sorte, de um psicólogo ou psiquiatra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário