Klimt

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Star Trek II


O corpo do homem, biologicamente muito diferente do da mulher. Seria por acaso? Creio que não. Os órgãos genitais do homem são projetados para fora, os da mulher todos para dentro.
O filme de 2009, dirigido por J.J. Abrams é décimo-primeiro longa-metragem da franquia STAR TREK. Gira em torno dos principais personagens da série clássica, mas com um elenco completamente novo. Reinicia a série no cinema e acompanha a admissão de James T. Kirk, vivido por Chris Pine na Academia da Frota Estelar, seu primeiro encontro com Spock interpretado por Zachary Quinto e Leonard Nimoy, e suas batalhas com Romulanos provenientes do futuro.
Spock, meio humano, meio vulcano, representa a luta pela conquista da racionalidade em detrimento dos sentimentos e emoções. Suas decisões devem ser tomadas sem a interferência deste componente “demasiadamente humano”, a capacidade de sentir, envolver-se. Assim, tenta perseguir esta segurança racional, mas é perseguido pelos seus componentes humanos que ganham cada vez mais espaço em sua vida.
Kirk e Spock, esses dois icônicos personagens podem ser compreendidos como representantes de recursos que todos possuímos (razão e envolvimento emocional).
Seria preferível um mundo extremante estável e lógico ou instável pelo próprio caráter das emoções? Spock, representando o lado inteiramente racional para proteger-se das emoções, possui  um "ponto fraco”, sua sensibilidade aos pais. Este seu "ponto fraco", ativado por Kirk no filme, salvou-o de si mesmo. Ao cair em contradição com seu EU racional, começou a integrar suas partes até então praticamente dissociadas.
Kirk representa a coragem, a independência. Externaliza emoções que ora atrapalham e ora podem salvá-lo. Spock e Kirk são como o equilíbrio necessário para nossa sobrevivência.
Os homens e seus desafios
Um filme bastante masculino em quase todos os aspectos. Armas lasers, mísseis, saltos de avião, socos são coisas que estão presentes no filme e povoam o universo dos homens. Outro exemplo é a necessidade de superar o pai, um complexo de Édipo mal resolvido. Em determinado momento Kirk está indeciso em relação a qual caminho seguir em sua vida. Encontra-se em uma boa crise existencial. Percebendo este momento, o Capitão Christopher Pike, interpretado por Bruce Greenwood, o desafia, dizendo “Seu pai salvou 800 vidas, incluindo a sua. Te desafio a fazer melhor”.
Deste momento em diante Kirk é impulsionado quase que exclusivamente a superar seu pai, sentimento que está por trás de muitas de suas ações. Coloca a própriavida em risco (embora ele de fato já colocasse, mas isso envolve outros fatores), destrói naves inimigas, coloca-se em situações limite, pensa que para que sua existência valha a pena, tem que cumprir este objetivo.

A principal função biológica masculina durante ato sexual é a de penetrar e enviar espermatozóides para fecundação do óvulo. As brincadeiras favoritas dos homens estão intimamente associadas a esse corpo. Naves espaciais projetam-se no espaço, batem, adquirem velocidade. Armas atiram balas, lasers, torpedos. No futebol, o objetivo é chutar a bola para rede, fazer o gol, driblando adversários e obtendo reconhecimento de sua masculinidade. Poderia citar muitos outros jogos como sinuca ou golfe, onde também o objetivo é o de acertar a bola em um bucaco minúsculo.
Desde que nos fixamos terrirtorialmente, o homem assumiu a função de caçar, matar animais para alimentação, arriscar-se, fabricar lanças, projetar-se. A mulher engravidava, menstruava, isso a impedia de ser tão eficiente nesta função.
Com o passar das fases do desenvolvimento, o homem adquire um certo refinamento para dar forma a esse comportamento sem ferir seu status social. A agressividade nos negócios, fechar um bom contrato, andar em alta velocidade em um carro que confira poder e status. A tendência a subjulgar a mulher, talvez com medo de que sua masculinidades seja ameaçada.
Com o papel das mulheres na sociedade sofrendo ajustes, elas acabam aprimorando muitas características consideradas masculinas e executando tarefas antes improváveis de serem executadas por elas. Tarefas que podem agregar poder, agressividade, virilidade. Acredito que estes ajustes têm grande repercussão nos relacionamentos e nos papéis desempenham.
No início da série em 1965, Gene Roddenberry, o criador de Star Trek até que tentou usar uma Primeiro Oficial mulher, mas a idéia era muito inovadora para a época e os executivos da NBC não estavam preparados para ver uma mulher em posição de comando.
Todos possuímos características masculinas e femininas, somos humanos. Isso deveria nos aliviar muito, não termos que ser heroínas ou heróis, mas apenas ser o que é possível e com sorte e muita busca, encontrar nosso EU real. Aquele a quem ninguém legitimou, mas pede para ter espaço.
Não é preciso ser o melhor, dar conta de tudo e salvar vidas. Salvando a nós mesmos (uma tarefa e tanto) naturalmente já serviríamos de inspiração. No entanto, talvez este não seja o objetivo, não é?

Vida longa e prosperidade a todos!

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